A Democracia vive o ápice de sua crise

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Recomendo o artigo acima. Ele nos permite uma digressão sobre o tema com todo distanciamento da “política do dia”. Em resumo, ele traz referências históricas para abordar nossos problemas de governança política. De fato, a democracia no Brasil e no mundo vivem o que parece ser o ápice da sua crise.

Quando à conclusão, o autor antevê 2 cenários. Ele entende que podemos ficar na mesma ou sujeitos a uma ruptura desorganizada.

Eu acho que ele até pode estar certo, até porque nossa tendência nacional principal é expressa na frase “vamos deixar como está para ver como é que fica”, e também porque nada por essas bandas jamais é organizado. Então o autor aposta no mais provável.

Ainda sim, gostaria de acrescentar um esclarecimento sobre o que é para mim “seguir como está”, e também oferecer mais um possível cenário.

Se tudo seguir como está me parece que a tendência seja o aprofundamento da dominação política e econômica estrangeira do Brasil, seja por estados, corporações, ou ambas em conluio. Claro que isso sempre se dá por intermédio das elites locais. Foi o que a maior parte dos países viveu nesses últimos 2 anos. Ou alguém ainda acha que alguma secretaria ou ministério no Brasil é senhora e autora de suas políticas públicas? Os locais servem e nem sabem a quem.

Já o caos de governança não é bom para os negócios e em certa medida deve ser reduzido justamente por conta da preponderância dos interesses estrangeiros. Essa é inclusive parte da missão de uma certa instituição suprema.

Da mesma forma, dada a hegemonia que citei, o apelo popular dos governos se torna menos importante, de forma que os “direitos a tudo”, os “brindes populistas” que caracterizam toda democracia, podem se reduzir ao ponto de se resumirem à renda mínima universal. Ou seja, não há mais a mesma necessidade de agradar o povo como antes. E o novo método é muito mais barato que o inchaço estatal e insegurança jurídica das benesses populistas aliás. Globalismo é a favor do que é “good for business”.

Em outras palavras, não acho que estamos num estado que deve se prolongar, mas numa fase de transição para uma realidade ainda menos livre, porém muito mais eficiente do ponto de vista econômico.

O novo cenário que queria mencionar seria um levante popular espontâneo e desorganizado, fruto do mal estar social com todas essa revolução cultural a que temos sido submetidos. Pense no que ocorreu em julho de 2013, não na revolução francesa.

Agora imagine que algum agente reformista local saiba tirar proveito político desse momento. Note que isso não ocorreu em 2013, já que quem se dignou a representar o movimento popular achou por bem entregar a chave do seu destino para Brasília, que fez a nação amargar quase 2 anos pelo impeachment, e ainda assim só para deixar tudo como estava. Também não ocorreu mudança a mudança estrutural em 2018 (justamente no sentido inverso), apesar das condições favoráveis, mas evitemos o tema.

Assim, digamos que um líder reformista consiga usar a oportunidade de uma revolta popular desorganizada para tomar o poder e efetivamente mudar a estrutura política.

Ele teria que contar com estruturas previamente organizadas, como um governo paralelo, acesso a recursos financeiros, muito apoio popular, ter planos já preparados, bastante gente qualificada à disposição, uma estrutura de comunicação descentralizada, e enfrentar o antagonismo de poderosos players nacionais e internacionais, para dizer o mínimo. Quase uma missão suicida. Algo de baixa probabilidade.

E ainda assim teríamos de confiar que ele usaria esse poder para introduzir as reformas necessárias e também saberia quando “pedir o boné”, deixando um belo legado à nação. Nada é eterno mas poderia durar várias décadas. Difícil, mas não impossível. Já ocorreu coisa parecida.

Me parece que esse seria o melhor cenário possível. Vale a pena sonhar?

VICTOR METTA (Telegram: vmetta)

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